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domingo, 11 de abril de 2010

Junior da Angela

Em muitas comunidades de casais católicos há o costume de cada um dos esposos se apresentar com seu nome seguido do nome do esposo ou esposa. Por exemplo: “Junior da Angela” e” Angela do Junior”. Eu não havia ainda meditado com profundidade sobre o sentido desta forma de se apresentar, até que algumas semanas atrás fomos questionados a respeito. Fiquei pensativo.

Hoje escutei um breve relato de um casal católico que dizia: antes do casamento participávamos da comunidade mais intensamente; com o casamento, voltamo-nos para nossa nova família e agora sentimos a necessidade de voltar à comunidade.

O casamento tem esta característica: muda a nossa vida, radicalmente. Deixamos de ser dois para começar a construir “o ser uma só carne”. E para a Igreja Católica este “ser uma só carne” inicia-se com uma celebração onde os noivos se dão em sacramento. Pensava eu que a preposição aparentemente de posse - “da” ou “do” - da expressão de apresentação significava esta doação mútua, onde um passa a ser de propriedade do outro.

Mas não é. Trata-se de uma nova referência que vem com a mudança de vida trazida pelo casamento. Lembram das referências históricas que temos quando era necessário personalizar alguém? Por exemplo, as referências da Bíblia: Jesus de Nazaré, José de Arimatéia, Apolo de Alexandria. Continuando: Tiago, filho de Zebedeu; Tiago, filho de Alfeu; Mateus, o publicano; Simão, o cananeu; José, da casa de Davi.

Hoje temos nomes e sobrenomes que ganhamos já quando nascemos e que vão nos identificar e nos individualizar para toda a vida. Não somos números ou alguém perdido na multidão. Temos um nome que nos distingue. E assim é também depois do casamento. “Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne.” (Gn 2, 24). Deixamos muito para trás para buscar a completude na união com a esposa ou esposo, e a partir daí descobrir um amor sacramental que passa a nos individualizar de uma forma diversa da anterior: agora somos um com outra pessoa.

Com o casamento criamos uma nova célula-tronco da sociedade, como nos disse hoje o Padre Antônio Bracht a respeito da família. E esta célula-tronco precisa se desenvolver, crescer, gerar amor, para depois voltar-se para fora dela mesma e fazer crescer diferentes órgãos e tecidos que formam a comunidade, a sociedade. Isto é o sacramento do matrimônio: antes dele o homem e a mulher se preparam para viver uma vocação; a encontram, dizem sim no altar a esta vocação e passam a viver um sacramento a dois; passam por alegrias e tristezas, descobrem a cruz e a ressurreição e depois compreendem que um sacramento não se fecha em si, precisa ser sinal de Cristo para a comunidade, para a sociedade. Toda vocação faz isto com o vocacionado: coloca uma nova marca na individualidade de cada um com o objetivo de transformar também a comunidade. Alguns ganham uma expressão “padre” na frente do nome, outros “irmã” ou “frei”, outros mudam de nome. Os casais passam a ser identificados por um novo modo de ser dois em uma só carne. Onde está um está o outro. Até dizem que, com o tempo, esposo e esposa começam a ficar fisicamente parecidos.

Por isso hoje eu sou o Junior da Angela. Faz dez anos que ela colocou uma marca em mim que me individualizou de uma forma nova. Uma característica que é só minha e que me faz diferente de todos os outros; um amor que ganhei de Deus e que dou a ela e que faz gerar vida entre nós e para nossos filhos. E que continua a crescer e a me deixar cada vez mais com a sua cara. Esta é hoje minha identidade. Não se trata de propriedade. Trata-se de identificar-se como um só: “Junior da Angela” e” Angela do Junior”.

Paulo Cesar Starke Junior

Inquietude humilde

Fiquei um tanto mais contente dias atrás quando escutei que já tem uma pesquisa dizendo que a juventude vai até os 36. A anterior me informava que era 32 e eu estava bem preocupado visto que cheguei aqui. Mas agora tenho mais 4 anos para ser inquieto. Isto até os 36 anos, visto que, com certeza, lá, vou encontrar outras pesquisas que me darão novos e preciosíssimos anos de dúvidas. É, elas valem mais do que muitas certezas...

Como nossa natureza é fantástica: criaturas capazes de agir sem querer ou se esforçar para agir, simplesmente porque somos e nos deixamos estar!

Estive pensando ultimamente no quanto nossas decisões são inconscientes, mesmo que queiramos ter consciência delas e de suas conseqüências. Uma vez um padre-reitor disse-me que não temos certeza de nossa vocação. Ele disse que se tivéssemos 70% de conhecimento de qual ela seria, já seria o suficiente para tomarmos a decisão. Penso que ele está certo e que isto vale para, talvez, todas as outras decisões que tomamos. Na verdade, não temos sequer noção de 70%, ou 50% ou menos. Pensamos que temos algum grau de conhecimento, tomamos uma decisão, e depois de algum tempo vemos que não sabíamos quase nada. E o mais incrível: mesmo assim acertamos. Aí não posso deixar de lembrar que o Espírito Santo age a todo momento, inspirando e expirando em nós. Fazendo com que acertemos. Fazendo com que vivamos.

Alguns anos atrás eu falava com uma colega sobre o que era humildade: eu dizia para ela que humildade é a capacidade que temos de nos colocar exatamente em nosso próprio lugar. Hoje vou refazer para mim este conceito: humildade é reconhecer nossa INcapacidade de se colocar em algum lugar, e permitir inconscientemente que o Espírito nos coloque no lugar que ele quer. Isto mesmo: inconscientemente. Simplesmente porque não somos conscientemente humildes: sempre temos a pretensão de pensarmos que temos algum domínio. Que domínio?! É a verdade de Jesus: “Quem de vós pode, com sua preocupação, acrescentar um só dia à duração de sua vida?” (Mt 6,27).

A inquietude da juventude vai durar muitos anos em minha vida. Não porque que quero, mas porque Ele, o Espírito, é assim. Não é mais a inquietude de até alguns poucos anos atrás: uma inquietude que não se contentava com o grande mundo que temos e ajudamos a construir... mas agora é uma inquietude que não se contenta com o que eu estou oferecendo para o pequeno mundo em que sou e estou.

Bom... talvez aos 36 esta inquietude seja outra... talvez aos 36 eu tenha ainda mais dúvidas... talvez, aos 36... não sei... serei resultado de cada decisão inconsciente que eu tomar em minha vida no meu dia a dia... serei e estarei onde o Espírito me levar... serei criatura de Alguém que continua a criar. Com uma só certeza: quero estar mais perto de Deus.

Paulo Cesar Starke Junior, outubro de 2009.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Interessante

Eu tive um professor no segundo grau que dizia que o adjetivo interessante era muito bom, pois podia ser usado nas mais diversas situações. Hoje eu posso afirmar que o adjetivo interessante é o melhor adjetivo que existe. Um adjetivo politicamente correto e que pode ser usado em qualquer hora, desde o momento que você não tem nada para falar até o momento que você deveria falar muito e não deve. Exemplificando:


  • Você está trabalhando e um colega faz uma apresentação de uma atividade que ele realizou. Você já percebeu que o resultado esperado está muito ruim, uma porcaria mesmo. Para não ofender seu colega, coisa que o Sheldon Cooper faria de forma brilhante, você para, inclina a cabeça, põe a mão no queixo, franze a testa e diz: "Interessante";
  • Você encontra uma velha conhecida, colega de escola, começam a conversar, contam com está indo a vida de cada um, etc. Você então nota, e já não consegue mais tirar os olhos, uma pinta que ela tem no rosto, que mais parece uma verruga, toda empipocada e com alguns pelos crescendo nela. Você não consegue mais prestar atenção no que ela fala, e quando ela faz algum comentário que você não prestou atenção e ela está aguardando seu comentário, você pode dizer: "Interessante";
  • Você tem uma amigo nerd - mais nerd e mais inteligente do que você -, daqueles que ninguém entende o que fala, e que fez uma descoberta incrível. Ele tenta te explicar, mas você é muito lento, não consegue captar o que ele está dizendo. Ao invéz de passar por tolo, você pode simplesmente concordar com ele dizendo: "Interessante";
  • Você está em uma reunião junto com seus superiores e mais alguns colegas de trabalho. Um colega de trabalho apresenta os resultados de uma atividade que ele realizou. O trabalho está perfeito, maravilhoso, sem erros e muito bem fundamentado. Como vocês disputam pelo mesmo cargo em uma promoção que irá ocorrer, você faz aquela mesma cara que você fez no primeiro exemplo, e com desdém diz: "Interessante".
Agora, depois dessas situações todas, você já deve estar convencido que o melhor adjetivo que existe é o interessante.


E antes de você postar um comentário dizendo o quão "interessante" foi esse texto, saiba que eu já rachei o bico de tando rir por causa desses comentários "interessantes".

Gerenciando sua produtividade

Para aqueles que trabalham com computador um dos maiores rivais da produtividade é a grande variedade de distrações que essa ferramenta pode fornecer. São redes sociais, programas de comunicação instantânea, sites de humor, e-mails com apresentações e mais uma infinidade de coisas para ocupar seus minutos preciosos.

Claro que as distrações fazem parte do cotidiano, afinal ninguém consegue trabalhar 8 horas seguidas. Ainda mais que nosso organismo não consegue ficar focado em uma só atividade por muito tempo.

Para controlar seus minutos produtivos existe um software chamado RescueTime. Ele é capaz de identificar quanto tempo você gasta em cada site ou aplicativo. Depois esses dados são enviados a um servidor e lá são categorizados de atividades muito produtivas até atividades muito distrativas. Esse software não é para ser um delatador para seu chefe, - apesar de ser algo que alguns deles iriam adorar - mas uma ferramenta de ajuda na sua organização diária.

O software cliente roda em Windows, Mac e Linux e é gratuito. Claro que estou utilizando a versão para Linux e posso dizer que achei muito interessante os resultados. Vale a pena testar.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Flores

Hoje eu vi flores diante de mim. Eram três, com lindas pétalas... toquei-as com muita sensibilidade, muito amor, muito carinho... carinho de esposo e pai! Vi que eram flores para mim, um presente de Deus Criador e Pai.

Senti que eu devo cultivar estas flores, devo proteger estas flores... mais que isso: que eu quero que elas nunca percam uma só pétala, porque são perfeitas como foram feitas. Mas ao mesmo tempo percebi que eu também sou uma flor, e que não consigo sair da terra para cuidar das outras flores como eu quereria cuidar. Mesmo assim, estou pertinho delas e posso fazer um pouco por elas, assim como por mim. Uma das coisas que posso fazer é não deixar meus espinhos machucá-las, nem a mim. Outra é dizer para os que nos cercam que ninguém, ninguém tem o direito de macular a perfeição que são.

É engraçado pensar que tem gente que acha que pode atingir outras flores e que está fazendo um bem. Que bem? Pensam que para corrigir o mal podem arrancar da terra flores que não são outra coisa a não ser presentes de amor que, algumas vezes, tristemente nascem do desamor. Mas a tristeza pode se transformar em alegria, pois o desamor só se anula com amor, muito amor!

Depois, na minha visão, vi que além das minhas três flores, perto de mim, havia muitas outras flores. E que todas são lindas, com pétalas perfeitas que precisam ser cuidadas. Que às vezes alguns espinhos machucam umas e outras, mas que as próprias pétalas umas das outras podem curar as feridas se deixarmos que elas se toquem.

Tomara que nossas pétalas se toquem muitas vezes!

Paulo Cesar Starke Junior, março de 2009.