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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Homem de pouca fé

Sou um homem de muita pouca fé! Desconfio, como fiz o ditado, até da minha sombra. Tenho muita pouca capacidade de acreditar naquilo que não percebo como concreto, real e verdadeiro.

Mesmo assim eu rezo! Porque Jesus mandou rezar! E assim Deus vai atender, não porque merecemos ou porque acreditamos muito, mas porque ele nos ama e compreende, acima até da nossa própria capacidade de entender, tudo o que precisamos. E Ele nos dá!

Eu rezo, mesmo com muita pouca fé! Jesus também disse que quem tem a fé do tamanho de um pequenino grão de mostarda pode remover montanhas!

Acho que minha fé não é nem uma pequena parte deste grão, mesmo assim Ele me escuta!

E eu rezo mesmo que forçado! Mesmo que por disciplina! E Ele me escuta!

Mesmo na minha infidelidade! Mesmo nos meus erros! Mesmo na minha grosseria! E Ele me escuta!

Eu acho que só tenho uma coisa: coragem! Coragem para não ficar em cima do muro, morno! Coragem para rezar mesmo sem acreditar! Coragem para fazer o que preciso fazer mesmo sem entender, sentir, perceber com meu entendimento! Ganhei de Deus 'coragem', e não 'fé'.

Talvez eu tenha que pedir ainda mais coragem para continuar pedindo fé! Para continuar caminhando na confiança que Ele me escuta! Sempre!

Senhor, aumenta minha fé, minha esperança em Ti, meu amor sempre em Ti! E aumenta sempre mais minha coragem para continuar seguindo e pedindo!

Porque sei que não sou eu quem construo, Senhor! O Senhor está construindo em mim sua obra, obra santa!

Eu confio em Ti, eu espero em Ti, eu amo em Ti!

Paulo Cesar Starke Junior

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Doce Luz

Minha esposa e eu temos um filho que morreu antes de ver a luz.

O aborto foi natural, em função de triploidia. Seres humanos concebidos com triploidia (três conjuntos de cromossomos somando 69 ao invés dos dois naturais conjuntos totalizando 46 cromossomos) raramente vêem a luz, sendo que a maioria morre antes de estar completo o terceiro mês de gravidez.

Quando soubemos de sua morte, minha esposa e eu choramos e, em meio a nossa dor, falamos: “um pedacinho de nossa herança genética já está com Deus”. Eu escrevi um texto na época também intitulado “Doce Luz”, nome que demos para nosso filho. Depois disto cultivamos o costume de invocar nossa Doce Luz quando rezávamos.

Tivemos inclusive um momento em que nossa filha mais velha nos cobrou a conservação da memória da Doce Luz.

Mas até agora eu não tinha noção do que realmente havia ocorrido.

Do ponto de vista médico-científico, a vida da Doce Luz era inviável, assim como outras deficiências genéticas ou de formação, como os chamados anencéfalos, por exemplo.

Mesmo assim... mesmo assim a nossa Doce Luz recebeu de Deus o chamado à existência e à vida!

Nós, seres humanos, por amor, recebemos do próprio Deus o chamado à existência. E é neste chamado que fundamenta-se nossa dignidade de filhos: somos chamados à plenitude, somos constituídos à imagem e semelhança de Deus. E somos plenos já a partir de nossa concepção como seres humanos.

Somente isto para nós, minha esposa e eu, é suficiente para respeitarmos em profundidade o mistério da concepção de uma nova vida e também a nossa relação como casal que recebeu de Deus o grande dom e a missão incomparável de sermos pai e mãe. É suficiente para respeitarmos cada gravidez iniciada, seja qual for a situação em que ela se deu.

Sim, devemos profundo respeito por cada vida concebida porque este ser humano é único e distinto, chamado à integralidade do ser homem ou mulher, filho querido e desejado por Deus, nosso criador.

Nossa Doce Luz, mesmo em sua imperfeição humana (e quem não é imperfeito?!), recebeu de Deus seu chamado e é amado por Deus e agora está em Deus com toda sua dignidade e integralidade de ser humano!

E hoje temos plena certeza disto na vida de nossa segunda filha.

Enquanto ela esteve na UTI em dezembro de 2012, em função de Estado de Mal Epilético, dificílimo de controlar pelos médicos (seu diagnóstico é de Síndrome de Angelman), nós, seus pais, pedimos a intercessão da Doce Luz, que já está em Deus.

E vimos sua manifestação diária no processo de recuperação da sua irmã. Vimos em pequenos momentos, suficientes para termos certeza de sua existência em Deus.

No meu desespero enquanto minha filha tinha uma crise de saturação, eu pedi a manifestação da Doce Luz e no mesmo momento fui atendido.

Enquanto minha filha estava paralisada, eu pedi um sinal e ela se mexeu.

E é importante dizer, não para questionar a fé na intercessão dos Santos, mas sim para entender a vontade de Deus, que antes de pedir a manifestação da Doce Luz pedimos a intervenção de Nossa Senhora, rezamos novenas a Santos protetores, entregamos a Ane à Nossa Senhora de Guadalupe, mas somente fomos atendidos por Deus quando pedimos a manifestação da Doce Luz.

Vimos nisto a vontade de Deus, vontade de nos provar que nosso filho está vivo nele. Vontade de nos dizer: testemunhem isto, especialmente agora que assumimos a responsabilidade de ajudar na construção o tema “Vida” em nossa Arquidiocese de Curitiba (Angela e eu recebemos no início de dezembro de 2012 a missão de sermos o casal coordenador da Comissão pela Vida de nossa diocese).

Nossa Doce Luz está vivo, intercedendo junto a Deus por nós, seus pais e irmãs! E nossa Ane está agora recuperada!

Nossa Doce Luz é um ser humano vivo e atuante, presente e especial, uma predileção de Deus para nós! E agradecemos em verdade a Deus, louvando-o e bendizendo o que Ele realiza em nossa vida!

Doce Luz, rogai por nós, filho!

Paulo Cesar Starke Junior

sábado, 10 de agosto de 2013

Segunda Caminhada das Famílias

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Segunda Caminhada das Famílias

Encerramento da Semana Nacional da Família 2013 – Pastoral Familiar do Setor Portão – Curitiba - PR

Vamos celebrar nossa Vida em Família (Marido, Mulher, filhos e filhas) caminhando pelos nossos bairros!

Dia 18/08/2013

Saída:
1) Às 09:00 da Paróquia Sagrada Família (Rua João Stenzowski, 100 – Novo Mundo)
2) Às 09:00 da Paróquia São Jorge (Rua Itacolomi, 1840 – Portão)

Chegada (Grande Concentração pela Família):
- Às 10:00 na Paróquia Senhor Bom Jesus do Portão (Rua João Bettega, 206 – Portão), onde às 10:30 celebraremos todos juntos a Missa com Dom Rafael Biernaski!

Traga seu cartaz, balões e, especialmente, sua alegria de viver em Família, primeira comunidade de amor!

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Divulgando: 2º Encontro Aberto do Núcleo Arquidiocesano de Bioética de Curitiba

O Núcleo Arquidiocesano de Bioética de Curitiba terá, no dia 01/06, seu 2º Encontro Aberto. 

Tema: A Beleza da Vida sob o Olhar Fraterno da Morte!

Veja convite e participe!



quinta-feira, 25 de abril de 2013

Diálogo do dia 18/12/2012

Enquanto eu dirigia e tentava acertar o caminho, nós conversamos:

- Senhor, salva minha filha! Ela é teu sinal entre nós. Deixa ela continuar brilhando.

- Por que você me pede isto? É por você?

- Não sei meu Deus. Não quero que seja. Eu suporto o que o Senhor quiser, mas ela não merece. Não que seja questão de merecimento, mas ela não pode morrer agora, agora não! Seria muita dor!

- Filho, lembra de Abraão e Isaac. Era seu único filho e ele não me recusou.

- Eu sei meu Deus.

- Faça a minha vontade e confie em mim.

- Senhor, então me mostra a tua vontade. Farei tudo o que o Senhor quiser. Mas me mostra e me capacita para enxergar.

- Farei isto. Permita a você reconhecer, a começar pelo tempo que você está gastando a mais para chegar ao hospital.

- OK, Senhor, entendi. Meu Deus! Mostra o que Você quer, para mim e para a Angela. Se é nossa missão trabalhar como instrumentos Seus em favor da vida, nos ajuda. O Senhor já me mostrou que nossa Doce Luz está contigo. Permite à Doce Luz se manifestar para que eu possa testemunhar, e que eu possa proclamar o derramamento de sangue dos mártires de nosso tempo, as crianças que estão tendo suas vidas abortadas. Por elas, Senhor, e pela nossa humanidade, permita que a Doce Luz se manifeste na Ane. Preciso de sinais.

- Eu cuidarei disto.

- E cuida também da Angela.

- Estou cuidando pessoalmente dela. Não quero sacrifícios, mas quero que façam a minha vontade!

Paulo Cesar Starke Junior

sexta-feira, 8 de março de 2013

Aprender a desprender-se e a aceitar

No dia 18 de dezembro, Angela e eu sofremos novamente uma dor de morte, com medo do que poderia acontecer em função do Estado de Mal Epilético em que a Ane se encontrou desde o início deste mês de 2012.

À noite, eu voltava da Missa para o hospital quando perdi uma das entradas de acesso e meu erro custou pelo menos meia-hora de atraso.

Mas na verdade não foi um erro e não foi custoso.

Deus me fez parar para escutá-lo.

E tudo que Ele me disse eu repeti para a Angela quando cheguei ao hospital. E aceitamos sua vontade.

E depois disto a Ane se recuperou rapidamente. Entre este dia, 18/12, o 16º de UTI, momento em que a Ane ainda se encontrava em coma, e o dia da retirada dos 3 tubos que invadiam seu corpinho foram somente 5 dias, isto já considerando o tempo a mais que os médicos precisam para observar a recuperação da paciente.

O que Deus me disse? “Tudo o que está acontecendo está sob o meu controle. Basta você aceitar e fazer a minha vontade”.

Eu respondi: “Está bem! Mas me escute uma vez mais. E não mais estou tentando algo por minha vaidade, mas por minha esposa e minha filha: conforta-as!”.

Ele me respondeu: “Eu estou cuidando delas. Confia!”.

E eu confiei. Na minha fraca humanidade, ao menos naquele momento, eu confiei!

Paulo Cesar Starke Junior

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Milagres

No processo de recuperação da Ane, o primeiro milagre que vimos foi a união de centenas, talvez milhares de pessoas rezando por nós e, especialmente, pela Ane. Foram diversas missas celebradas em intenção especial pela Ane. Pelo menos dois bispos rezando por ela. Muitos padres. Dezenas de amigos muito próximos. Centenas de pessoas que talvez se quer ainda viram a Ane, mas que temos rezado para que pelo menos num breve momento a possam conhecer. Muitas outras pessoas que conhecem a Ane e que se uniram a Ela. Conhecidos das escolas por onde ela passou. Colegas de trabalho com quem eu inclusive não tenho contato recorrente. Amigos de nossos familiares que algum dia tiveram contato com a Ane e que procuraram meus pais para dizer que rezavam por ela. Familiares com os quais já não temos muito contato e que estiveram conosco. Amigos de amigos que ainda não conhecemos, cristãos de todo Brasil rezando pela Ane. Isto para nós já é um milagre!

No dia de Natal me ligou um amigo de infância para falar que na paróquia onde crescemos em Ponta Grossa, no dia 12 de dezembro, dia de Nossa Senhora de Guadalupe e dia do Batizado da Ane, na missa festiva em honra à Nossa Senhora, a comunidade rezou pela Ane.

Um pouco antes do Natal, no domingo, a Angela rezou durante a Missa pedindo a visita do menino Jesus para a Ane. À tarde, enquanto amigos conversavam com a Angela na sala de espera da UTI, uma mãe chegou com uma criança no colo. Um padre a acompanhava. A mãe, emocionada, falou para a Angela: “Olha quem veio visitar nossas crianças”! Era o Menino Jesus, uma imagem dele. E o padre com o Menino visitou todas as crianças da UTI. A Angela chorou com o milagre.

Enquanto a Ane estava paralisada, com um olhar perdido após dias de coma, eu rezei com a Angela intensamente. Estávamos com muito medo de seqüelas. E pedíamos: Senhor, nos devolva a Ane como ela era! Este por si só já foi um milagre: o milagre da aceitação da Síndrome da Ane. À noite, eu estava ao lado da Ane e pedi a Deus um sinal da recuperação da Ane. Pedi por intercessão da Doce Luz. E naquele momento a Ane se moveu rapidamente.

Um ou dois dias depois a Ane estava tendo crises de saturação. Na primeira vez eu recorri aos enfermeiros, e demorou para a Ane recuperar-se da crise. Na segunda vez eu recorri à Doce Luz, e no mesmo momento ela voltou a respirar normalmente. A partir dali ela só progrediu, e rapidamente, até o momento da alta hospitalar.

Isto tudo sem falar ainda dos momentos em que rezamos para que Deus agisse por meio da médica da Ane que lutava para controlar suas crises convulsivas refratárias. Ou para que ela saísse do Estado de Mal Epilético. E Ele agiu.

Ou dos momentos em que a Angela e eu oramos em verdade!

E também a oração profunda da minha mãe pela vida da Ane!

Ou dos momentos em que meu Pai esteve com a Ane no hospital. Ou dos momentos em que a mãe da Angela cuidou das nossas outras filhas. Ou ainda do meu irmão e minha cunhada, minha irmã e seu carinho, nossos compadres e amigos que cuidaram de nós e da Ane!

Milagres na nossa vida! Somos agradecidos! Obrigado meu Deus!

Paulo Cesar Starke Junior

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Agradecimento às médicas

Desde que descobrimos que a Ane tem a Síndrome de Angelman, a médica neurologista dela é a Dra. Ana Crippa. E após mais de oito anos, nossa confiança nela continua cada vez mais sólida. Não só é uma profissional preparada, atualizada e estudiosa. É uma pessoa próxima que se coloca conosco no cuidado da Ane.

E nos últimos meses ela não mediu esforços para atender dela, tirando-a de um Estado de Mal Epilético que muito nos assustou. E só os médicos para saberem como é complexo o controle da epilepsia em casos como o da Ane. E a Dra. Ana estuda e acerta.

E sabemos que ela também acerta porque deixa Deus agir por meio de suas mãos! Obrigado Dra. Ana por estar com a gente. E obrigado por indicar o cuidado diário de nossa filha à equipe da Dra. Lygia Coimbra de Manuel na UTI Pediátrica do Hospital Vita Curitiba.

Assustados no início devido ao estado da Ane, ficamos apreensivos com toda a equipe. Percebemos situações diversas onde o controle parecia que nos escapava. Contudo, também sabíamos que tudo estava entregue ao Bom Deus! E com o tempo, e com a experiência vivenciada, entendemos o valor do trabalho da equipe da Dra. Lygia, e especialmente vislumbramos a grande competência com que atuam na medicina.

Somos agradecidos a cada uma das médicas e profissionais que cuidaram da Ane nos últimos meses! Queremos enaltecer também o trabalho da psicóloga Lilian Sacagami: ela se fez presente sempre que necessário, escutando e orientando . O trabalho de toda a equipe foi grandioso e por meio dele se fez cumprir a vontade de Deus para a Ane: ela continua conosco brilhando com seu sorriso, iluminando nossa vida e de muitos que com ela experienciam o viver! Esperamos que seu sorriso traga sempre mais vida para vocês também!

Paulo Cesar Starke Junior e Angela Cristina Starke

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Lauda Sion

Ontem, na adoração eucarística de nossa paróquia, rezamos e meditamos o hino LAUDA SION. É de São Tomás de Aquino. Não poderia ser de outro teólogo e doutor da Igreja: a profundidade com que mergulhamos em nossa fé por meio deste cântico é um tesouro para todos os católicos que amadurecem no Evangelho:

"Terra, exulta de alegria, louva teu pastor e guia com teus hinos, tua voz!
Tanto possas, tanto ouses, em louvá-lo não repouses: sempre excede do teu louvor!

Hoje a Igreja te convida: ao pão vivo que dá vida vem com ela celebrar!

Este pão, que o mundo o creia!, por Jesus, na santa ceia, foi entregue aos que escolheu.
Nosso júbilo cantemos, nosso amor manifestemos, pois transborda o coração!

Quão solene a festa, o dia, que da Santa Eucaristia nos recorda a instituição!

Novo Rei e nova mesa, nova Páscoa e realeza, foi-se a Páscoa dos judeus.
Era sombra o antigo povo, o que é velho cede ao novo; foge a noite, chega a luz.
O que o Cristo fez na ceia, manda à Igreja que o rodeia, repeti-lo até voltar.
Seu preceito conhecemos: pão e vinho consagremos para nossa salvação.
Faz-se carne o pão de trigo, faz-se sangue o vinho amigo: deve-o crer todo cristão.

Se não vês nem compreendes, gosto e vista tu transcendes, elevado pela fé.

Pão e vinho, eis o que vemos; mas ao Cristo é que nós temos em tão ínfimos sinais...
Alimento verdadeiro, permanece o Cristo inteiro quer no vinho, quer no pão.

É por todos recebido, não em parte ou dividido, pois inteiro é que se dá!

Um ou mil comungam dele, tanto este quanto aquele: multiplica-se o Senhor.
Dá-se ao bom como ao perverso, mas o efeito é bem diverso: vida e morte traz em si...

Pensa bem: igual comida, se ao que é bom enche de vida, traz a morte para o mau.

Eis a hóstia dividida. Quem hesita, quem duvida? Como é toda o autor da vida, a partícula também.
Jesus não é atingido: o sinal é que é partido, mas não é diminuído, nem se muda o que contém.
Eis o pão que os anjos comem transformado em pão do homem; 

só os filhos o consomem: não será lançado aos cães! Em sinais prefigurado, por Abraão foi imolado, no cordeiro aos pais foi dado, no deserto foi maná...
Bom pastor, pão de verdade, piedade, ó Jesus, piedade,

conservai-nos na unidade, extingui nossa orfandade, transportai-nos para o Pai! Aos mortais dando comida, dais também o pão da vida; que a família assim nutrida seja um dia reunida aos convivas lá no céu!"