Páginas

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

O Navio Branco

Rei Henrique, o Belo Erudito, tinha um filho chamado Guilherme, a quem ele carinhosamente amava. O jovem era nobre e corajoso, e todos esperavam que um dia ele fosse o rei da Inglaterra.

Em um verão, o príncipe Guilherme foi com o seu pai até a França, pelo mar, para cuidar de suas terras. Eles foram recebidos com alegria por todo o seu povo de lá, e o jovem príncipe era tão galante e gentil que era amado por todos assim que o viam.

Mas, finalmente, chegou a hora de retornarem para a Inglaterra. O rei, seus conselheiros e seus cavaleiros partiram cedo naquele dia; mas o príncipe Guilherme e seus amigos ficaram um pouco mais. Foi tão divertido o tempo que passaram na França que eles não tinham pressa de partir.

Então, eles embarcaram no navio que estava esperando para levá-los para casa. Era um lindo navio com velas brancas e mastros brancos que havia sido preparado para esta viagem.

O mar estava tranquilo, o vento era razoável e ninguém pensava em perigo. No navio tudo havia sido arranjado para fazer a viagem agradável. Havia música e dança, e todos estavam alegres e felizes.

O sol já tinha se posto antes que a embarcação de velas brancas estivesse bem distante da baía. Era lua cheia e por isso havia luz suficiente; e antes do alvorecer do amanhã, o mar estreito seria atravessado. E então o príncipe e os jovens que estavam com ele entregaram-se à diversão, à comida e aos prazeres.

As primeiras horas da noite passaram e então ouviu-se um grito de perigo no convés. Um momento depois houve uma grande batida. O navio tinha atingido uma rocha. A água entrava rapidamente. O navio estava afundando. Ah! Onde estavam agora aqueles que tinham recentemente estado tão felizes e de corações livres?

Todos os corações estavam cheios de medo. Ninguém sabia o que fazer. Um pequeno barco foi rapidamente lançado, e o príncipe com alguns dos seus mais corajosos amigos pularam dentro dele. Eles o empurraram enquanto o navio estava começando afundar sob as ondas. Eles seriam salvos?

Eles mal tinham remado dez metros do navio, quando houve um grito entre aqueles que foram deixados para trás.

“Remem para trás”, gritou o príncipe. “É minha irmãzinha. Ela deve ser salva!”.

Os homens não ousariam desobedecer. O barco foi novamente trazido para junto do navio que afundava. O príncipe ficou em pé e estendeu seus braços para sua irmã. Naquele momento o navio deu um grande solavanco em direção às ondas. Um grito de terror foi ouvido, e então tudo ficou em silêncio, salvo o som das água agitadas.

Navio e barco, príncipe e princesa, e todo o alegre grupo que tinha zarpado da França foram ao fundo juntos. Um homem agarrou-se a uma tábua flutuante e foi salvo no próximo dia. Ele foi a única pessoa que sobreviveu para contar esta triste história.

Quando o rei Henrique ouviu sobre a morte de seu filho, seu pesar foi maior do que conseguia suportar. Seu coração estava partido. Ele não tinha mais alegria na vida; e os homens diziam que ninguém mais o viu sorrir novamente.

Aqui está um poema sobre ele que seu professor pode ler para você, e talvez, depois de um tempo, você possa decorá-lo.


Ele nunca mais sorriu outra vez

A nau com príncipe foi ao fundo,
Sob as ondas no abismo profundo;
Que glória tens, ó láurea inglesa,
Se ao rei só deixaste a tristeza?
E por muito tempo ele ainda viveu,
Com o coração ferido, envelheceu.
Morte, os que sofrem tu não vês?
Ele nunca mais sorriu outra vez.

Ao rei ofereceram o suntuoso,
O imponente e o corajoso;
Mas preencher o vazio, o que poderia,
A não ser o filho sob ondas bravias?
O jovem e o belo desfilaram,
Todavia ao rei não deleitaram.
O mar envolvia, do filho, a tez.
Ele nunca mais sorriu outra vez.

Sentou-se ante taças festivas;
Ouviu do menestrel as cantigas;
Ele viu os vencedores coroados
E da roda de cavaleiros honrados:
Um murmúrio de profunda agonia,
Unido ao esforço sem alegria,
Um bramido de ventos se fez.
Ele nunca mais sorriu outra vez.

Manteve o coração em clausura
Sob os votos ditos com candura.
Tomaram o lugar do faltante
Em assembleias exuberantes.
O puro amor banhou com o pranto
O túmulo cujo o mar é o manto.
Novas esperanças vieram, talvez;
Mas...
Ele nunca mais sorriu outra vez. (Mrs. Hemans.)


V história extraída do livro “Cinquenta Histórias Famosas Recontadas” de James Baldwin.