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domingo, 16 de janeiro de 2011

Família, formadora de valores humanos e cristãos

(texto publicado no jornal "Ecos do Bom Jesus", Paróquia Senhor Bom Jesus do Portão - Curitiba, PR, dezembro/2010)

Caríssimas famílias de nossa comunidade do Portão

Nossa Semana da Família começou na festa dos avós de Jesus e de nossos vovôs e vovós, e ficou conosco, em nossas celebrações, incluindo a festa de nosso padroeiro, o dia dos pais, até dia 20 de agosto com a reunião de vivência de nossos casais do MCC.

Foram momentos de reflexão em comunidade sobre valores que, parece, poucos apreciam nos dias de hoje. Mas só parece.

Vocês viram quantos casais estão comemorando 25 anos de união matrimonial este ano? São muitos. E esta é uma riqueza, um verdadeiro patrimônio da nossa comunidade que temos que valorizar continuamente. Quem sabe, em nosso próximo Conselho de Pastoral, juntos decidimos que todo trimestre ou todo mês comemoremos a vida destes matrimônios.

E, queridos irmãos, é isto: trata-se de uma vida, uma nova vida todos os dias. Quando um homem e uma mulher se unem em matrimônio, deixam de ser duas vidas para ser uma só, pela graça de Deus. Que presente magnífico que Deus deu para nós: a capacidade de se unir com base no mesmo amor que Ele tem para com seu único Filho, e que seu Filho tem por nós! E desta união entre homem e mulher nasce um amor divino que só experimentamos na Família. E a partir dele encontramos valores que devemos testemunhar e mostrar ao mundo, evangelizando. A maior e melhor evangelização que podemos fazer é viver os valores cultivados na Família e que são descritos por São Paulo quando ele fala do amor:

- Paciência: quantas vezes por dia exercitamos a paciência com nosso esposo ou esposa, e mais ainda com nossos filhos? É o segredo do copo d’água que aprendemos anos atrás com um casal de nossa comunidade que completava 50 anos de matrimônio: enquanto ela fala com o tom de voz um pouco (ou às vezes muito) elevado, eu tomo água para ficar quieto e escutar (embora às vezes não escute muito, e aí entra o perdão). E a recíproca também é verdadeira.

- Bondade: como é bom receber afeto de nossos filhos no final do dia. E melhor ainda agradá-los fazendo vez em quando o que nos pedem. Conversar com carinho durante o jantar. Trocar carícias com o esposa ou esposo.

- Na família não temos inveja de ninguém, não temos vergonha, somos nós mesmos. Não somos presunçosos. Ao contrário, exercitamos diariamente o perdão.

- Perdão: e não há maior perdão do que o perdão em família. Só quem descobre a graça de perdoar no dia a dia nossas pequenas e grandes falhas é capaz de amar verdadeiramente (e verdadeiramente é como Deus nos ama). Muitas pessoas dizem que não sabem perdoar, mas vivem isto todo dia em suas famílias porque todo dia voltam para casa. Não percebemos a graça que temos diariamente. E as temos.

- Renúncia e Ressurreição: mas tem uma graça que é a maior de todas - são as lágrimas. E nós só choramos verdadeiramente em família. Sabem aquela lágrima doída que sai do coração, passa pela garganta e escorre pelos olhos em soluços como de crianças? Só fazemos isto em família. E isto é santidade. Como é bom chorar nos braços do esposo ou da esposa, no altar de nossas casas.

As lágrimas santificam como diz uma canção. Quantas vezes choramos junto com a esposa ou esposo, com nossas dores de amor. Dói muito a dor do filho. Dói mais ainda quando ele se vai. Dói tanto quanto você percebe sua pequenez diante daquilo que não conseguimos compreender e que entregamos a esta vida que está crescendo em nós cada dia depois do nosso matrimônio.

Lágrimas em família santificam! São lágrimas de cruz e depois de ressurreição. São lágrimas de intimidade profunda, de vida vivida, de um tempo que não para e que não nos deixa parar porque nos conduz para o Reino de Deus... porque nos dão Paz. Depois das lágrimas em família o que fica é a Paz, não é a solidão da lágrima chorada sozinho.

Paz de Cristo! São lágrimas de amor verdadeiro que só se vive em família, não se vive individualmente, jamais.

E ao término desta Semana da Família precisamos começar um tempo de Paz, e não de divórcio, de direitos de família e não de direitos individuais.

Hoje na sociedade prega-se a individualidade: nosso direito parece que é só pelos indivíduos. Haja vista a nova lei do divórcio. A desburocratização é boa, mas o que está se ensinando é que individualmente devemos cumprir deveres legais e buscar nossos direitos individuais e os outros que busquem seus direitos. Se deu certo, ótimo. Se não deu, partamos rápido para outra. E a vida que podia ter crescido sequer nasceu!

Parece que não há mais sentido a complementaridade, o crescimento individual na luta pelo outro e por algo que é maior do que nós: a família, espelho do Deus Uno e Trino.

A Família é maior que o indivíduo. A nova vida que surge no seio de uma mulher é maior do que ela. Tenhamos coragem de defender a vida e a família. Vamos dizer sempre não ao aborto, à violência contra a criança... e vamos testemunhar em nossas famílias nosso verdadeiro amor. Vamos mostrar a todos quantos casais temos celebrando 10, 15, 25 ou 50 anos de vida matrimonial e de santificação.

E que aqueles que não descobriram a graça da família em suas vidas olhem para nós e vejam: como eles se amam!

Minha família é minha vida! É minha e nossa santificação!

Paulo Cesar Starke Junior
Pastoral Familiar

Amor divino

Todo amor advém de Deus! E não há maior amor que aquele de esposa e mãe!

Vejo nos olhos da minha Angie um amor muito profundo! Sei que esta capacidade é dom de Deus!

Paulo Cesar Starke Junior

sábado, 15 de janeiro de 2011

Paciência de padre e de pai

Lembro bem de um dos meus aniversários na época em que eu estava no seminário. Mês de julho, passando as férias na casa dos meus pais. Cantado os parabéns, eu estava cortando o bolo quando uma das minhas tias comentou: mas este menino tem paciência de padre, mesmo!

Sempre me julguei paciente, mas agora descobri que a minha paciência não é de padre, mas de pai.

Mês passado estávamos na praia e, após guardar as malas no carro para voltar para casa, eu amarrava as bicicletas no suporte enquanto conversava com o padre, nosso amigo, que estava conosco. Ele comentou sobre a paciência para guardar todas aquelas coisas das nossas filhas. Falava que é simples arrumar as coisas quando se viaja sozinho.

Dias atrás estávamos saindo de casa para passear e refleti sobre a paciência que todos os dias os pais exercitam ao cuidar dos filhos.

Os padres também o fazem com seus filhos de comunidade. Mas a paciência exercida pelos pais é diária.

Algumas vezes é uma paciência amorosa de quem observa os filhos crescerem. Outras é uma paciência raivosa que faz engolirmos as palavras e ficarmos quietos. Outras vezes, ainda, é uma paciência dolorida que vem da sabedoria que tem quem experimenta e luta todos os dias pelos filhos. Há ainda uma paciência teimosa que rapidamente nos toma quando somos incapazes de compreender. De qualquer forma, todas são expressão de uma virtude que santifica.

A vida em família é o caminho mais curto para a santidade. Difícil, não tenho dúvida. Mas também o mais curto! Graças a Deus tenho uma família. Talvez alcance a santidade!

Paulo Cesar Starke Junior