Páginas

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Fracassos, Sucessos e a Felicidade

Vivemos buscando a felicidade. E nosso dia a dia é uma seqüência de fracassos e sucessos.

Nos “sentimos” felizes quando conquistamos, quando obtemos sucesso. E precisamos sempre de mais conquistas para continuar sentindo-se felizes. Mas basta uma derrota, um só fracasso, para não mais nos sentirmos felizes, até nova vitória. Não é engraçado?!: para ser infeliz basta um fracasso. Para ser feliz: são necessárias conquistas em seqüência, quase que como um vício. Não é estranho? Mas é assim a natureza psicológica humana, ao menos me parece. E aí está: a natureza humana! Enquanto nos limitamos ao que entendemos ser humano é assim para nos sentirmos felizes.

E veja bem: não para sermos felizes. Porque para sermos nós temos que romper este ciclo de conquistas e derrotas e transcendermos. Sairmos de nós mesmos, sermos elevados. E temos que ser elevados, e não se elevar. Não temos esta capacidade: somente Deus pode nos elevar.

É a diferença entre Jesus e Maria: Jesus ascendeu (ascensão), se elevou ao céu; Maria foi assunta (assunção), foi elevada ao céu. Eis a diferença entre Deus e o homem, entre criador e criatura. Entre aquele que pode elevar-se e escolher descer até o mais pobre dos homens simplesmente para ser e um homem como eu que busca incessantemente o seu próprio ser. E para isto preciso me despir daquilo que hoje julgo ser o que sou: minhas conquistas e derrotas, meus sucessos e fracassos.

Porque é nos despindo de todas as nossas conquistas e fracassos que podemos nos encontrar com o que somos e, aí, transcender, não por força própria, mas levado pelo Espírito Santo. E por que não permito que o Espírito logo me conduza? Porque valorizo demais o sentir, o estar, o ter: conquistas que precisam ser alimentadas para continuar me sentindo feliz.

Creio que um pedaço de mim já foi elevado com a Doce Luz que partiu antes de ver luz nesta vida, mas que hoje desfruta de uma Luz bem mais intensa. Mas tem um outro ser aqui precisando fechar os olhos para enxergar esta Luz que os mais pobres de coração conseguem ver. Talvez a pobreza que Jesus descreve nas bem-aventuranças seja esta capacidade de se despir das próprias conquistas e fracassos até o ponto de poder afirmar: “quando sou fraco aí é que sou forte” porque é aí que encontro a Luz. Porque é aí que eu consigo ver o outro, o samaritano. Porque quando nos encontramos consigo mesmo, na nossa escuridão, aí encontramos o próximo, e, neste encontro, encontramos Deus e a nossa própria transcendência. Talvez este seja o momento de deixarmos um pouco toda nossa humanidade e experimentar um pouco da divindade de Jesus Cristo, até o encontro definitivo com a Doce Luz.

É por isso que eu ainda não acredito na possibilidade de existir verdadeiros ateus: provisoriamente são pessoas que ainda não se encontraram. E digo provisoriamente porque um dia vão se encontrar. E é bom lembrar: ateus, agnósticos ou crentes, todos nós ainda estamos por nos encontrar, por ver a nós mesmos face a face.

Paulo Cesar Starke Junior, 09/01/2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário