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quinta-feira, 27 de abril de 2017

Alexandre e Eu

Tempos distantes estão além do horizonte. A memória, porém, traz estes tempos para o coração, e recorda-se a alma.

Conto para você, através do papel, o que me está na alma. Narrarei a história de um cavalo, Bucéfalo, que reconheço como sendo minha própria pessoa.

O sol quase não brilhava. A Macedônia vestia neve branca e fofa da estação mais fria do ano bissexto que era. A minha ferradura gelava no casco. O frio castigava os animais tosquiados, e eu, exausto, tentava libertar-me da moda, a rédea de couro.

Faixas de couro estalavam-me no lombo. O frio fazia arder os ferimentos causados pelo chicotes dos domadores do rei, a quem eu pertencia. No meio de todos os homens que riam e assistiam, vi um jovem príncipe. No meio do tropel, ouvi sua doce voz.

Os cachos castanhos do jovem caíam sobre seu rosto calmo, pálido e confiante. Tinha olhos castanhos e um olhar doce e penetrante. Seus lábios delicados movimentaram-se e soltaram ao vento frio doces palavras que diziam: “Não tenha medo, sou Alexandre, seu amigo!”

Aproximei-me de meu amigo, Alexandre.

“Serei teu amigo”, disse-me Alexandre, “não vou te chicotear, como todos os homens fazem.”

Ele passou suavemente a mão sobre meu focinho. Colocou delicadamente a sela sobre meu lombo e, de repente, montou.

Assustado, fugi rapidamente para a floresta, tomando o cuidado de não deixar Alexandre cair ou bater-se nos galhos mais baixos.

Cansado da corrida, parei. Alexandre me dominou e fomos até o rei, a doma estava realizada. Ouvi Alexandre falar com o rei.

“Bucéfalo é seu, filho”, disse o rei da Macedônia.

Alexandre, agora, é o meu mestre, e eu, o equídeo mais feliz já visto na face da terra. Isso é o que me está na alma.

(Texto produzido como prática de escrita conforme sugestão do livro Writing & Rhetoric — L. S. S.)

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