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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Resignação x Ambição

Semana passada assisti um episódio das temporadas iniciais da série “House”, no Universal Channel. Fiquei refletindo sobre um dos diálogos onde se confrontava o “conformar-se para ser feliz” e a necessidade da ambição que desafia.

Acordar todos os dias, ver o sol brilhando e saciar a fome diária são motivos suficientes para afirmarmos sermos felizes, afinal, quantos dormem para não mais acordar, quantos definham a ponto de talvez desejarem não mais acordar, quantos não podem ver a luz do sol, e quantos passam fome dia após dia, comendo lixo nas nossas portas?

Não. Acordar todos os dias, ver o sol brilhando e saciar a fome diariamente NÃO são motivos suficientes para sermos felizes. Simplesmente porque a minha felicidade não pode ser definida a partir da infelicidade dos outros e nem limitar-se ao que, muitas vezes de graça, recebo. Tem que ser algo mais.

Eu falava sábado com minha esposa sobre nossas dores. E a verdade que alcançamos é a seguinte: o mesmo fato que me gera dor também me gera alegria, a mesma origem de meus fardos pode se tornar a fonte de minhas esperanças. Tudo depende da medida com que olho para fora e desejo algo mais para meu amanhã. É a esperança no amanhã que faz com que o meu hoje seja feliz. Precisamos desta força impulsionadora para que a nossa vida seja VIVA. Para que nossa vida seja AMOR, para que tenhamos coragem de fazer diferente e, independente do resultado, dizer que foi bom! Simplesmente porque eu escolhi fazer diferente.

NÃO basta acordarmos todos os dias, ver o sol brilhando e saciar a fome. Pensar ser feliz assim é alienar-se do mundo. É achar tudo belo e não ver que, daqui um pouco, esta felicidade se esvaziará no meio da lama de nossos dias, nossos sentimentos e pensamentos. É pensar ingenuamente que a doçura da vida não termina com formigas.

Agora, quem nem sempre tem a condição de esperar acordar todos os dias, de ver a luz do sol ou de saciar a fome, pode ser feliz e alcançar a graça LUTANDO por aquilo que espera. Perseguindo o que almeja. Desejando ardentemente transformar a sua realidade e trabalhando para isto. E é preciso transcender a própria condição para lutar pela conquista. É preciso ter fé, mas também é preciso ter obras.

Não quero conformar-se com o que sou ou tenho. Eu quero mais. Ambição. Desafio. Quero alcançar o meu eu profundo, quero transcender, quero conquistar, quero lutar. Terei fé e trabalharei por aquilo que espero! Viverei cada dia intensamente, fracassando e conquistando, sendo feliz e esperando os fracassos e conquistas do dia seguinte, e lutando para que cada vez mais, dia a dia, sejam maiores as conquistas do que os fracassos, sem jamais se conformar, nem com as conquistas, nem com os fracassos. Esperança com obras, com ação: é esta a minha felicidade!

Resignação não é minha escolha. Eu escolho a ambição. Não a cobiça ou o desejo veemente e egoísta. Mas a ação que resulta no que espero. Esperança com ação. Esperança-ção: um bom antônimo para ‘conformar-se’! E como me disse ontem minha amiga Solange: “de preferência fazendo também o outro crescer”! Ajudando, no que a mim couber e se eu puder, também o próximo a crescer!

Paulo Cesar Starke Junior

Um comentário:

  1. Lendo seu post lembrei do Homer Simpson no 2º episódio da sexta temporada:

    "Eu não quero viver essa vidinha barata. Eu quero o máximo: os baixos aterrorizantes, os altos atordoantes, os médios insossos. Claro, eu poderia ofender alguns narizes sensíveis com meu ar arrogante e os meus odores almiscarados. - Ah, eu nunca vou ser o queridinho dos chamados "pais da pátria" que cacarejam com suas línguas, afagam suas barbas e dizem o que fazer com esse tal de Homer Simpson?"

    Lição de vida nos Simpsons.

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