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domingo, 11 de abril de 2010

Inquietude humilde

Fiquei um tanto mais contente dias atrás quando escutei que já tem uma pesquisa dizendo que a juventude vai até os 36. A anterior me informava que era 32 e eu estava bem preocupado visto que cheguei aqui. Mas agora tenho mais 4 anos para ser inquieto. Isto até os 36 anos, visto que, com certeza, lá, vou encontrar outras pesquisas que me darão novos e preciosíssimos anos de dúvidas. É, elas valem mais do que muitas certezas...

Como nossa natureza é fantástica: criaturas capazes de agir sem querer ou se esforçar para agir, simplesmente porque somos e nos deixamos estar!

Estive pensando ultimamente no quanto nossas decisões são inconscientes, mesmo que queiramos ter consciência delas e de suas conseqüências. Uma vez um padre-reitor disse-me que não temos certeza de nossa vocação. Ele disse que se tivéssemos 70% de conhecimento de qual ela seria, já seria o suficiente para tomarmos a decisão. Penso que ele está certo e que isto vale para, talvez, todas as outras decisões que tomamos. Na verdade, não temos sequer noção de 70%, ou 50% ou menos. Pensamos que temos algum grau de conhecimento, tomamos uma decisão, e depois de algum tempo vemos que não sabíamos quase nada. E o mais incrível: mesmo assim acertamos. Aí não posso deixar de lembrar que o Espírito Santo age a todo momento, inspirando e expirando em nós. Fazendo com que acertemos. Fazendo com que vivamos.

Alguns anos atrás eu falava com uma colega sobre o que era humildade: eu dizia para ela que humildade é a capacidade que temos de nos colocar exatamente em nosso próprio lugar. Hoje vou refazer para mim este conceito: humildade é reconhecer nossa INcapacidade de se colocar em algum lugar, e permitir inconscientemente que o Espírito nos coloque no lugar que ele quer. Isto mesmo: inconscientemente. Simplesmente porque não somos conscientemente humildes: sempre temos a pretensão de pensarmos que temos algum domínio. Que domínio?! É a verdade de Jesus: “Quem de vós pode, com sua preocupação, acrescentar um só dia à duração de sua vida?” (Mt 6,27).

A inquietude da juventude vai durar muitos anos em minha vida. Não porque que quero, mas porque Ele, o Espírito, é assim. Não é mais a inquietude de até alguns poucos anos atrás: uma inquietude que não se contentava com o grande mundo que temos e ajudamos a construir... mas agora é uma inquietude que não se contenta com o que eu estou oferecendo para o pequeno mundo em que sou e estou.

Bom... talvez aos 36 esta inquietude seja outra... talvez aos 36 eu tenha ainda mais dúvidas... talvez, aos 36... não sei... serei resultado de cada decisão inconsciente que eu tomar em minha vida no meu dia a dia... serei e estarei onde o Espírito me levar... serei criatura de Alguém que continua a criar. Com uma só certeza: quero estar mais perto de Deus.

Paulo Cesar Starke Junior, outubro de 2009.

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