Em muitas comunidades de casais católicos há o costume de cada um dos esposos se apresentar com seu nome seguido do nome do esposo ou esposa. Por exemplo: “Junior da Angela” e” Angela do Junior”. Eu não havia ainda meditado com profundidade sobre o sentido desta forma de se apresentar, até que algumas semanas atrás fomos questionados a respeito. Fiquei pensativo.
Hoje escutei um breve relato de um casal católico que dizia: antes do casamento participávamos da comunidade mais intensamente; com o casamento, voltamo-nos para nossa nova família e agora sentimos a necessidade de voltar à comunidade.
O casamento tem esta característica: muda a nossa vida, radicalmente. Deixamos de ser dois para começar a construir “o ser uma só carne”. E para a Igreja Católica este “ser uma só carne” inicia-se com uma celebração onde os noivos se dão em sacramento. Pensava eu que a preposição aparentemente de posse - “da” ou “do” - da expressão de apresentação significava esta doação mútua, onde um passa a ser de propriedade do outro.
Mas não é. Trata-se de uma nova referência que vem com a mudança de vida trazida pelo casamento. Lembram das referências históricas que temos quando era necessário personalizar alguém? Por exemplo, as referências da Bíblia: Jesus de Nazaré, José de Arimatéia, Apolo de Alexandria. Continuando: Tiago, filho de Zebedeu; Tiago, filho de Alfeu; Mateus, o publicano; Simão, o cananeu; José, da casa de Davi.
Hoje temos nomes e sobrenomes que ganhamos já quando nascemos e que vão nos identificar e nos individualizar para toda a vida. Não somos números ou alguém perdido na multidão. Temos um nome que nos distingue. E assim é também depois do casamento. “Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne.” (Gn 2, 24). Deixamos muito para trás para buscar a completude na união com a esposa ou esposo, e a partir daí descobrir um amor sacramental que passa a nos individualizar de uma forma diversa da anterior: agora somos um com outra pessoa.
Com o casamento criamos uma nova célula-tronco da sociedade, como nos disse hoje o Padre Antônio Bracht a respeito da família. E esta célula-tronco precisa se desenvolver, crescer, gerar amor, para depois voltar-se para fora dela mesma e fazer crescer diferentes órgãos e tecidos que formam a comunidade, a sociedade. Isto é o sacramento do matrimônio: antes dele o homem e a mulher se preparam para viver uma vocação; a encontram, dizem sim no altar a esta vocação e passam a viver um sacramento a dois; passam por alegrias e tristezas, descobrem a cruz e a ressurreição e depois compreendem que um sacramento não se fecha em si, precisa ser sinal de Cristo para a comunidade, para a sociedade. Toda vocação faz isto com o vocacionado: coloca uma nova marca na individualidade de cada um com o objetivo de transformar também a comunidade. Alguns ganham uma expressão “padre” na frente do nome, outros “irmã” ou “frei”, outros mudam de nome. Os casais passam a ser identificados por um novo modo de ser dois em uma só carne. Onde está um está o outro. Até dizem que, com o tempo, esposo e esposa começam a ficar fisicamente parecidos.
Por isso hoje eu sou o Junior da Angela. Faz dez anos que ela colocou uma marca em mim que me individualizou de uma forma nova. Uma característica que é só minha e que me faz diferente de todos os outros; um amor que ganhei de Deus e que dou a ela e que faz gerar vida entre nós e para nossos filhos. E que continua a crescer e a me deixar cada vez mais com a sua cara. Esta é hoje minha identidade. Não se trata de propriedade. Trata-se de identificar-se como um só: “Junior da Angela” e” Angela do Junior”.
Paulo Cesar Starke Junior
Olá, Paulo!
ResponderExcluirO inventor dessa identificação mereceria que seus direitos fossem patenteados, não acha! Como Deus é genial e como tardamos em descobrir! Vamos iluminar mais gente para que descubra! Parabéns pela sua iniciativa!
Pe. Antonio Bracht
Ola voce possui msn, orkut algo...entra em contato comigo ...
ResponderExcluiryasmin_fofa2@hotmail.com